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Circula nos dias de final zero

Editor

Antônio Linus Rech

O Concorrente

 Hoje é  

Jornal on-line de opinião * Ano 1, Nº 4 * 10 de maio de 2004

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Saco de maldades

As manias do Roberto

O presidente Lula abriu o saco de maldades contra o aposentado. Não corri-gindo a tabela do Imposto de Renda (até isso copiou do seu antecessor), o governo diminuiu o salário de todos os brasileiros e, ao aprovar a Reforma da Previdência no ano passado, surrupiou 11% da receita de quem trabalhou e pagou anos e anos para descansar na velhice. Agora ele tira ou-

tra novidade do fundo do saco. O Sr. da Silva está propondo a desvinculação total da aposentadoria, do salário mínimo. Se valer sua vontade, o achata- mento será certo e a miséria salarial dos apo- sentados vai ser ampliada, em poucos anos.

E se pensava que Fer- nando Henrique Cardoso foi maldoso e ofensivo, ao chamar o aposentado bra- sileiro de vagabundo!

Um grande ídolo pode se dar ao luxo da extravagância, de fazer exigências consideradas absurdas e de ter hábitos tão estranhos que acabam lhe dando uma cara diferente.

O cantor Roberto Carlos, por exemplo, não gosta do 13, só usa roupa da mesma cor e não sai de um ambiente a não ser pela porta por onde entrou. Recentemente, ele mandou a segurança buscar um pé-de-cabra para arrombar a porta do Teatro Municipal de São Paulo, onde entrou para fazer um show. Tudo porque, ao tentar sair do local, a dita por- ta já estava fechada e a chave

não aparecia.

São suportáveis as manias que não prejudiquem terceiros. Inadmissível é o péssimo hábito que envolve os horários do cantor.

Em outro show, desta vez no Olímpia, o espetáculo marcado para as dez horas da noite, começou às onze e dez. Sem qualquer explicação, o maníaco Roberto chegou, cantou e foi embora. O público ficou sabendo o porquê da demora pela imprensa, dias depois. Para seu ídolo, a exibição começou com pequeníssimo atraso. Só dez minutos, já que ele não segue o horário de verão...

Preços tornam o futebol proibitivo

O futebol é apaixonante e quem gosta deste esporte vai ao estádio para ver o clube do coração. Vai? Digamos, ia quando o preço do ingresso era acessível. Por sugestão da Rede Globo de Televisão, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) fixou o valor da entrada em R$ 30,00 por partida do Campeonato Brasileiro, versão 2004. Somados ao transporte e a um lanche, lá se vão R$ 40,00 por pessoa. Poucos clubes estão autorizados a reduzir o preço de alguns dos seus jogos.

 Em anos anteriores, a Globo já impôs horários estranhos ao futebol. Há par- tidas iniciando em dias úteis às 21h50, porque o horário da novela não pode ser alterado... ou nos fins de semana às 11 horas da manhã, para atender interesses da grade de programação.

O grande objetivo de tudo isso está muito claro. Pretendem, e já estão conseguindo, tirar o torcedor do estádio e colocá-lo na frente da televisão, o que também não é de graça. Paga-se caro para assistir aos jogos que não estejam na programação da rede aberta. Nestes casos, é preciso recorrer aos canais por assinatura, de preços também proibi- tivos ao assalariado. Situação um tanto incoerente, já que entre os menos favorecidas está a grande massa de apaixonados pelo futebol. Ora, vá entender a ganância dos que detêm o poder!

Na prática, a TV lucra sempre e o torcedor fica sem futebol. A classe mais pobre não pode ir a campo, nem ver pe- la televisão, restando-lhe ouvir pelo rá- dio - esse, ainda gratuito,  até que uma

poderosa empresa se disponha a ditar normas também neste segmento da mídia. Vale dizer, quem já está sem pão, pode ficar sem o circo.

De acordo com o ângulo de visão, é possível enxergar vantagens nesta usurpação de direitos. Clubes que há anos sonham e projetam pomposos estádios particulares, não têm mais razão para preocupações. É mais que suficiente comprar um terreno para o gramado, construir vestiários, muro alto e simples e uma cabine de TV. Pronto, está erguido um “estádio” para público zero. Bem mais barato e, quem sabe, com chances de ser financiado pela Grande Irmã!

Ironias à parte, é intrigante o poder da televisão, num país comandado por autoridades submissas.

Objetivo oculto

A imprensa norte-americana tem divulgado  no- tícias contrárias ao Brasil. Há poucos dias, o Washington Post atacou o governo brasileiro por ele estar, supostamente, desenvolvendo armas nucleares. O jornal estava se referindo ao enri- quecimento de urânio, necessário na guerra e na paz. Ontem, o New York Times publicou que o presidente Lula está bebendo em excesso. Em artigo assinado, vendeu ao mundo a imagem de país chefiado por um bêbado desajustado.

Segundo Larry Rohter, em texto publicado no NYT a respeito do nosso presidente, “... os brasileiros têm assistido seus esforços para não fumar em público,  a seus flertes com atrizes  em

eventos e à sua batalha contínua para evitar comidas gordurosas ...” Invocando declarações de Brizola e publicações da Folha de S. Paulo, o artigo denigre a imagem de um cidadão que é o líder internacional da América Latina.

Muito se têm criticado o governo despreparado e inerte do presidente Lula. Ele frustrou e maculou o voto recebido, com a mentira e o desrespeito

ao eleitor. No entanto, impingir-lhe imagem negativa como tem feito a mídia norte-americana, faz pensar que o alvo real não é apenas a pessoa de Luiz Inácio Lula da Silva.

Estaria por trás a desestabilização de um líder favorável ao Mercosul e contrário a Alca? Ou será que Lula, por baixo dos panos, estaria articulando

ações que lhe devolvam a dignidade dos tempos de palanque, fazendo crescer o país e reduzindo o desempre- go, independente de interesses internacio- nais? O que está acontecendo?

Advirta-se que, face ao passado alcoólatra de Bush, não é lícito a um norte-americano criticar os hábitos de outros presidentes, quanto a beber ou comer demais.

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