Editorial 8

 

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Reúso da Água

 Quando se fala de falta de água no planeta, ouvindo os especialistas mencionarem que em 25 anos teremos crises enormes por conta deste problema - não estando descartadas possíveis guerras entre os povos - e se olha para o mapa do Brasil que ostenta uma região amazônica de fartos mananciais, torna-se difícil aceitar estas previsões.

Segundo a ONU, 97,6% do volume de água existente na Terra é salgada, logo inaproveitável pelos elevados custos para sua dessalinização, e apenas 2,4% é composto de água doce. Destes, 8% estão no Brasil. Somos um país privilegiado, se compararmos com qualquer outra nação, pois somos inegavelmente os possuidores das maiores reservas de água doce do mundo, mesmo sem levar em conta o aqüífero Guarani que possui o maior volume de água subterrânea – esta em estado puro e geralmente não necessitando de tratamentos específicos.

É de tal ordem a abundância de água em solos brasileiros que é espantoso o volume despejado pelos nossos rios no Oceano Atlântico: 251 mil metros cúbicos por segundo, ou seja, em um segundo os rios brasileiros jogam no mar o suficiente para abastecer uma cidade de 50 mil habitantes - por exemplo São José do Rio Pardo, SP - durante um mês. Se levarmos o raciocínio adiante concluímos que, em um minuto, é despejado o volume necessário para abastecer uma Grande Belo Horizonte por um mês ou que, em 4 minutos, se foram ao mar as águas de uma Grande São Paulo, para o mesmo período!

As previsões pessimistas surgem quando se observa que a distribuição da água em solo brasileiro não é feita de forma eqüitativa. A região Sudeste, que tem 43% da população, possui apenas 7% dos recursos hídricos disponíveis; a região Nordeste, com 29% dos habitantes, detém somente 3% de água doce, enquanto a região Norte, com 7%, possui 68% das águas brasileiras. Assim visto o problema e considerando que o mundo todo tem situação extremamente desfavorável em relação a nós, é de se supor que efetivamente precisamos pensar em economia de água.

Neste sentido é louvável o que estão fazendo algumas instituições de São Paulo. São Caetano do Sul, município da região metropolitana com uma das melhores qualidades de vida do país, está iniciando um programa pioneiro. É a primeira cidade a utilizar a água de reúso para limpar suas áreas públicas. A partir do tratamento de esgotos, a água de reúso é também empregada por empresas no processo industrial, para limpeza de caldeiras, refrigeração em sistemas de ar-condicionado, manutenção de máquinas e equipamentos, etc.

É bem verdade que a maioria das cidades do país não possui sequer tratamento de esgotos. Em boa parte, nem mesmo a coleta existe. Pois, é de se propor que ao projetar sistemas de tratamento, o sanitarista se preocupe também com o reúso de seus efluentes, dando-lhes destino mais nobre que o simples despejar em rios ou córregos.

Providências como esta contribuem para a preservação dos mananciais, abundantes no país, porém mal distribuídos. - 8.12.08.2001  

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