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Publicada em 03/02/2007

Alerta sobre clima assusta o planeta

Previsões publicadas em Paris pelo IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) deixam o mundo assustado com a possibilidade de catástrofes mais próximas do que se esperava.

A temperatura da Terra vai subir até o fim deste século, a geleira sobre a Groenlândia pode sumir em milênios, os furacões ficarão mais fortes e o nível do mar subirá de 18 cm a 59 cm  até 2100. Estas são previsões publicadas pelo IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas). Divulgado ontem em Paris, relatório diz ainda que a emissão de gases já comprometeu o clima nos próximos cem anos e que a mudança será "intensa, longa e violenta", segundo estudos de 2500 cientistas de 130 países. Estão previstos furações, inundações e secas.

A principal conclusão do IPCC é de que a elevação da temperatura e as conseqüentes mudanças climáticas estão em velocidade e intensidade maiores do que se pensava. O aquecimento é suficiente para tornar os furacões mais agressivos, para derreter o gelo polar - o que elevará o nível dos oceanos - e para produzir ondas de calor que se tornarão cada vez mais freqüentes. Divulgam os cientistas que haverá conseqüências desastrosas e, até 2100, a temperatura média da Terra subirá 3ºC, mesmo que todas as providências para evitar o problema sejam tomadas da noite para o dia. A culpa é da atividade humana, pois o fenômeno é causado por desmatamentos em larga escala e por gases provenientes principalmente da queima de combustíveis fósseis.

O pesquisador brasileiro José Antônio Marengo, um dos cientistas que participaram do IPCC, estima que até o fim do século a temperatura aumentará 8 ºC na Amazônia e a região virará cerrado. A região Sudeste sofreria um aumento de 5 °C. O semi-árido do Nordeste se transformaria em árido e regiões costeiras estariam vulneráveis ao aumento do nível do mar, sobretudo as de Recife, Fortaleza, foz do Amazonas e Ilha de Marajó. Marengo afirma ainda que "não haverá refúgios climáticos. Todos vão sentir".

Jacques Chirac, presidente da França, está temeroso e declara que "O dia em que o clima escapará do controle está próximo. Estamos chegando ao irreversível. Nessa urgência, não há tempo para medidas mornas. É hora de uma revolução em nossas consciências, em nossa economia e em nossa ação política".

"Cenários que prevíamos para os próximos 15 anos podem se concretizar em 2 ou 3", afirma o pesquisador da Embrapa Eduardo Assad, co-autor de um estudo sobre os efeitos da mudança climática na agricultura. A produção agrícola terá uma queda de 25% caso as previsões do IPCC se concretizem. Levantamento da Unicamp e da Embrapa mostra que as principais culturas afetadas serão soja (podendo diminuir até 70%), arroz, milho e café.

As preocupações são procedentes já que a elevação verificada de apenas 1 ºC provocou o Katrina que arrasou Nova Orleans; o Catarina, registrado como o primeiro furação brasileiro; ondas de calor no Hemisfério Norte e secas prolongadas na Ásia.

Pelas manifestações de pessoas ligadas ao meio ambiente, parece que o mundo está de fato diante de um sério problema. O físico Paulo Artaxo, da USP, em entrevista concedida ao jornal Estado de São Paulo no dia de hoje é categórico: "Na história nunca se chegou nem perto de um problema desta envergadura. A Primeira e a Segunda Guerras Mundiais são fichinha perto disso. E não existe um órgão para tomar decisões desse âmbito, nem a ONU. Enfrentaremos dificuldades seriíssimas".

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