Tubo
Corrugado de Dupla
Parede
em PEAD para Esgoto
Paulo Toshiaki
Nishimoto (*)
Introdução -
Muito esforço vem sendo feito para melhorar a
eficiência da infra-estrutura de saneamento já existente em nosso
país, minimizando o impacto que a falta, ou a sua ineficiência, causa
na qualidade de vida das pessoas e no meio ambiente.
Porém, a escassez de recursos financeiros e a
carência de produtos tecnologicamente mais avançados são problemas
constantes enfrentados pelos profissionais desta área. É premente a
necessidade de investimentos, o que está sendo divulgado como
prioridade pelos atuais governantes.
Figura 1: Vista em corte do tubo corrugado de parede
dupla (interna lisa e externa corrugada)
De olho no potencial deste mercado, a Kanaflex,
com experiência de 30 anos no Brasil e outras 19 unidades em vários
países da Ásia, Europa e também nos EUA; lançou em 2002 o Tubo
Corrugado de Dupla Parede em PEAD para Esgoto.
Este artigo tem o objetivo de apresentar as
principais características técnicas do Tubo Corrugado de Dupla Parede
em PEAD para Esgoto, lançado em 2002 pela Kanaflex.
O que é o Tubo Corrugado de Dupla Parede? -
Os tubos corrugados de dupla parede
surgiram como uma solução otimizada comparada aos tubos de parede
simples existentes no mercado.
A estrutura da dupla parede (vide Figura 1),
proporciona ao produto alta resistência mecânica e principalmente
excelente relação peso/metro, obtendo-se desta forma menor custo do
produto.
Outra característica favorável neste tipo de
produto é a combinação com a matéria-prima PEAD que proporciona ao
produto vantagens adicionais – (barra semi rígida, alta resistência à
abrasão e ao ataque químico, entre outras).
Estes produtos são largamente utilizados na
Europa, EUA e Japão nos mercados de energia elétrica,
telecomunicações, drenagem e saneamento. No Brasil, desde o ano de
1998, são utilizados para proteção de cabos nos mercados de energia
elétrica e telecomunicações e agora está se iniciando o uso como
coletores de esgoto.
O “know how” envolvido no processo de fabricação
destes produtos, a tecnologia e o grau de automatização dos
equipamentos são de última geração, desde a dosagem dos materiais até
a produção propriamente dita (coextrusão, corrugador, sistema de
refrigeração, puxador e cortador), tudo trabalhando em perfeito
sincronismo (vide Figura 2).
Figura 2: Vista superior da linha de coextrusão para fabricação do
tubo corrugado de dupla parede.
No passado, utilizava-se apenas sistema
cerâmico. Com o crescimento da utilização dos materiais plásticos,
iniciou-se a aplicação de tubos lisos de PVC. Hoje, os tubos
corrugados de dupla parede em PEAD (Polietileno de Alta Densidade)
também são uma excelente solução técnica e comercial.
Matéria-prima:
PEAD - O polietileno (PE) é um
termoplástico poliolefínico, derivado do gás eteno (hidrocarboneto
olefínico) que é obtido através do “cracking” da nafta do petróleo. É
um material extremamente versátil, podendo diferenciar as suas
características sem o uso de plastificantes ou outros aditivos, como
em outros polímeros. Por esse motivo, ele é considerado o polímero
sintético menos perigoso, em relação ao seu impacto ambiental durante
a sua produção, uso e descarte.
As principais características do Polietileno
são:
Baixo custo;
Elevada resistência química e a solventes;
Baixo coeficiente de atrito;
Fácil processamento;
Excelentes propriedades isolantes;
Baixa permeabilidade à água e gases;
Atóxico;
Inodoro.
Figura 3: Monômero de etileno
O Polietileno pode ser rígido ou flexível,
bastando para isso apenas modificar o comprimento da cadeia carbônica
ou a quantidade de ramificações. Existem três tipos básicos de
Polietileno: o Polietileno de Baixa Densidade (PEBD), o Polietileno de
Média Densidade (PEMD) e o Polietileno de Alta Densidade (PEAD).
O material utilizado na fabricação deste produto
é o PEAD, cuja densidade varia de 0,935 a 0,960 g/cm3 e sua
estrutura é praticamente isenta de ramificações. É um plástico rígido,
resistente à tração, com boa resistência ao impacto. Utilizado em
bombonas, embalagens, brinquedos, materiais hospitalares, tubos para
distribuição de água e gás, esgoto e emissários, tanques de
combustível automotivos, dutos para proteção de cabos subterrâneos,
tubos drenos, entre outras.
Figura 4: Comparativo de abrasão entre
alguns materiais de tubos.
Fonte: Universidade de Darmstad - Alemanha (South German Plastics
Centre in Wurzburg)
Normas - Este
produto foi desenvolvido baseado na norma européia prEN 13.476-1; e em
01/07/02 foi solicitado a ABNT a elaboração de norma brasileira.
Enquanto se aguarda a
aprovação da norma oficial da ABNT, empresas de saneamento e outras
entidades estão elaborando as suas respectivas normas internas.
Especificações já
elaboradas: Cedae / RJ e Convênio SESRH-Escola Politécnica da UFRJ
(Programa de Estudos de Engenharia para Saneamento Ambiental dos
Municípios de Estado do Rio de Janeiro).
Especificações em
andamento: Sabesp / SP e ABPE / SP (Associação Brasileira de Tubos e
Sistemas Poliolefínicos).
Está também em andamento
a criação de um Programa Setorial de Qualidade para Tubos de
Polietileno para saneamento, que será incorporada ao PBQP-h; baseada
no Programa de Qualidade já existente na ABPE.
Instalação - O
procedimento de instalação dos tubos corrugados de dupla parede em
polietileno é semelhante aos dos tubos de PVC e os cerâmicos.
Uma grande variedade de
acessórios já está disponível para esses tubos corrugados oferecendo
soluções às mais diversas necessidades encontradas nas obras, além de
permitir uma perfeita intercambiabilidade com os sistemas já
existentes (PVC e cerâmico).
Os tubos e as conexões
são acoplados através de sistema de junta elástica, mas com uma
vantagem em relação ao sistema atual que utiliza a bolsa elástica (virola);
o anel é montado na ponta do tubo evitando possíveis deslocamentos no
encaixe da ponta com a bolsa da conexão, conferindo praticidade e
maior segurança nas instalações.
Por serem fabricados em
polietileno e possuírem a estrutura corrugada, os tubos são muito mais
leves do que os atuais sistemas, facilitando seu transporte, manuseio,
assentamento, e evitando perdas por quebras proporcionando condições
de redução no custo total da obra. Além disso, qualquer pedaço de
sobra nas instalações pode ser aproveitado com a utilização de luvas
de emenda ou luvas de correr.
O tempo médio de
instalação de um sistema em polietileno pode corresponder à
aproximadamente 1/3 do tempo gasto para instalação do mesmo sistema em
PVC, variando de acordo com as particularidades de cada obra.
Abaixo, os tempos
comparativos que foram cronometrados durante a realização dos testes
de campo na Sabesp/São Vicente, onde foram instalados 160 metros de
tubos corrugados DN 160 150 com 43 ramais de tubos corrugados DN 100.
Tabela 1:
Quadro comparativo dos tempos, em teste de campo
Sabesp/São Vicente |
Atividade
|
Tubo Corrugado de Dupla
Parede em PEAD |
Tubo Liso em PVC |
Instalação de um segmento de rede
coletora com uma chegada de ramal predial |
2,7 minutos |
12,1 minutos |
Instalação de uma coluna com
curva 90º na chegada do ramal predial |
1,5 minutos |
3,2 minutos |
Instalação de um ramal predial |
2,1 minutos |
5,4 minutos |
Instalação completa de um
segmento de rede coletora com um ramal predial |
6,2 minutos |
20,7 minutos |
Tabela 1 - Quadro comparativo dos
tempos, em teste de campo
Sabesp/São Vicente
Foto 1:
Instalação dos tubos corrugados em PEAD. Teste de campo Sabesp/São
Vicente.
Fotos 2 e 3: Instalação
do tubo coletor e ramais realizada em Cotia - SP (Dez/02).
Características do
Produto - A
tecnologia de fabricação dos tubos corrugados associada à utilização
da matéria-prima PEAD conferem melhorias nas principais
características desejáveis para a aplicação do produto no saneamento,
como:
Elevada Resistência
Mecânica: a estrutura dos tubos corrugados de dupla parede resulta em
produtos com elevada classe de rigidez, se comparado com os tubos
lisos coletores de esgoto, permitindo menores deformações na aplicação
final do produto;
Resistência Química:
química e eletricamente inertes, os tubos em polietileno não sofrem
ataques, à temperatura ambiente, por solos agressivos e pela maioria
dos ácidos, bases, solventes e gorduras. Apresentam ainda excelente
resistência aos agentes bioquímicos (mofo, bolor, enzimas);
Auto limpeza: a inércia
química e a baixa rugosidade do polietileno conferem ao tubo a
vantagem de ser auto-limpante dificultando as possibilidades de
ocorrência de incrustações em sua parede interna, evitando a longo
prazo o estrangulamento da secção interna;
Estanqueidade da Junta:
as juntas elásticas projetadas para esse produto asseguram uma
perfeita estanqueidade para o sistema, além de conferir praticidade e
rapidez na instalação. Seu desempenho atende aos mesmos requisitos
estabelecidos na Norma NBR 7362 para os tubos em PVC;
Rugosidade e
Declividade: o coeficiente de Manning a ser utilizado nos cálculos
hidráulicos de sistemas de esgoto para esse produto é n=0,010. Devido
a seu baixo coeficiente de rugosidade, menores declividades poderão
ser utilizadas, sem comprometer a condição de arraste dos sólidos;
Fornecimento: os tubos
são fornecidos em barras de 6 metros, com um anel de borracha
nitrílica e uma luva de emenda já montados em uma das extremidades.
Devido à grande flexibilidade da linha de transformação do produto,
outras metragens podem ser fabricadas.
Considerações finais -
Este produto
foi lançado em Abril de 2002 na Feicon - Feira Internacional da
Construção, e também apresentado na Fenasan em agosto de 2002, feira
voltada ao mercado de saneamento, sendo premiado com o troféu
“Inovação Tecnológica” pelos visitantes.
Neste período foram
ministradas dezenas de palestras foram ministradas e realizados testes
de campo foram realizados, pelas equipes de Marketing e de Assistência
Técnica da Kanaflex, em várias empresas de saneamento em todo o
Brasil, das quais muitas já formalmente homologaram, e estão
utilizando o produto. Dentre elas a Sabesp, Cedae, Corsan, Cesan,
Cagece, Caema, Compesa, dentre elas a Sabesp, Cedae, Corsan, Cesan,
Cagece, Caema e Compesa.
A aceitação desta nova
tecnologia está sendo muito grande, devido ao seu desempenho técnico,
segurança e confiabilidade na instalação e preço competitivo,
tornando-se uma excelente alternativa quando comparada às já
existentes do mercado.
Neste momento em que o
novo governo promete dar prioridade para investimentos em saneamento,
entendemos que este produto será uma boa opção de material a ser
utilizado em coletores de esgoto, visto que o binômio custo/benefício
é extremamente favorável,
contribuindo, assim, para a otimização
dos recursos a serem aplicados na infra-estrutura de saneamento e
conseqüente melhoria da qualidade de vida da população.
:junho 2003):
Foto 4 - Troféu
"Inovação Tecnológica", Fenasan 2002.
(*)
Paulo Toshiaki Nishimoto
- Diretor Industrial da Kanaflex S/A Industria de Plásticos.
Engenheiro Mecânico de Produção pela Faculdade de Engenharia
Industrial (FEI). Pós-graduado em Administração de Empresas pela
Escola Superior de Administração de Negócios (ESAN).
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