Publicada em 18/05/2007
Plantio de florestas
gera manifestações em Porto Alegre
Enquanto um grupo
de empresários, políticos e trabalhadores exige rapidez na liberação
dos licenciamentos para o plantio de florestas, outro grupo, formado
por camponeses do MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores), se mostra
contrário à plantação de novas áreas com eucaliptos
no Rio Grande do Sul.
Nesta quinta-feira, 17,
quatro mil pessoas do
Movimento Plantando Desenvolvimento Sustentável, formado por
trabalhadores, empresários, prefeitos e vereadores de cidades da
metade sul do Estado, se concentraram em frente ao Palácio Piratini,
em Porto Alegre. Protestaram contra a demora do governo na liberação
do plantio de florestas no Rio Grande do Sul. O grupo pediu a
definição imediata de política ambiental para a silvicultura. A idéia
é gerar mais segurança para investimentos no setor de celulose e papel
que somam US$ 4 bilhões, se contabilizados os projetos Aracruz,
Votorantin Celulose e Papel - VCP e Stora Enso.
"Queremos a garantia dos
nossos empregos. O setor não pode ser inviabilizado, levando 120 mil
empregos embora", disse o presidente da Força Sindical do Rio Grande
do Sul, Cláudio Janta.
Eudes Marchetti, sócio-gerente da
Tecnoplanta - empresa que fornece mudas florestais para a Aracruz - ressaltou que o objetivo do protesto é mostrar que os
investimentos do setor de celulose não são importantes apenas para as
empresas, mas também para trabalhadores e prefeituras. "Neste ano, 20
mil hectares deixaram de ser plantados, provocando o descarte de 5
milhões de mudas e a perda de 3 mil empregos", acrescenta.
Os manifestantes foram
recebidos durante a manhã pelo chefe da Casa Civil, Luiz Fernando
Záchia. No encontro, defenderam a participação dos municípios na
definição da política ambiental e a criação de novos programas de
incentivo ao cultivo de árvores exóticas como eucalipto e pinus. Os
trabalhadores também sugeriram a aplicação de critérios econômicos e
sociais na elaboração da redação final do zoneamento da silvicultura.
O documento vai estabelecer critérios definitivos para concessão de
licenças ambientais para o plantio de florestas.
Záchia disse aos
representantes do movimento que o governo estadual está "ciente da
importância e necessidade das reivindicações para o desenvolvimento do
setor". No entanto, alegou que as
lideranças precisam dar tempo para que a nova diretoria da Fepam
(Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler) possa
analisar criteriosamente as alterações propostas pelos manifestantes.
"Logo serão apresentadas
definições para o assunto", prometeu o chefe da Casa Civil.
Na reunião ficou
pré-agendada audiência com a governadora Yeda Crusius. De acordo com
Janta, a expectativa é de que o governo apresente proposta de um plano
ambiental já na próxima semana.
Pequenos agricultores
- Além de protestar contra a implantação de florestas no Estado, cerca
de 2 mil camponeses ligados ao MPA pediram a prorrogação da dívida dos
pequenos produtores. "Queremos a aplicação do bônus de inadimplência,
para que possamos liquidar nossas dívidas, com o pagamento de 10% do
valor. Caso contrário solicitamos 30 anos para terminar de pagar",
declarou o membro do MPA, Lecian Conrad. Segundo ele, os produtores
pedem os mesmos benefícios concedidos aos grandes produtores.
Depois, os manifestantes
seguiram para o prédio da Fepam, onde realizaram ato público em favor
do zoneamento realizado pela entidade, relativo às áreas para plantio
de eucaliptos. Eles são contra a implantação dessa cultura em solo
gaúcho. "Apoiamos totalmente a Fepam neste sentido e somos contra a
forma como o governo do Estado tem respondido ao documento elaborado
pela entidade".
Conrad adiantou ainda
que durante audiência realizada com o secretário da Agricultura, João
Carlos Machado, foram solicitados esclarecimentos sobre as políticas
do governo para os pequenos produtores do Estado. "Falta uma política
bem definida. O governo apenas sinaliza a falta de recursos para o
setor, mas não apresenta propostas", declarou Machado.
Entre as demandas estão
pendências relativas à reforma agrária e à liberação de recursos para
fruticultura. "São R$ 2 milhões que estão nas mãos
do governo e que não são liberados por questões operacionais".
Fonte:
Jornal do Comércio, de Porto Alegre.
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