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A transposição do São Francisco é obra que fará história não só por
sua magnitude, mas principalmente pelo seu valor social.
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A transposição do
São Francisco e a despoluição do Rio Jundiaí são marcos históricos que
trazem alento e credibilidade. |
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Editorial 22 - 22/03/2017
Dia Mundial da Água, há o que comemorar
Habitualmente, em 22 de março fala-se sobre os males que o homem
causa ao Planeta e sobre as ameaças que ele representa
aos recursos hídricos. Palestras, seminários e alertas são feitos em
favor da sustentabilidade, e muito pouco se concretiza como benefício
obtido, sem prejudicar a Natureza.
Mas duas
ações, ocorridas aqui mesmo no Brasil, trazem alguma esperança.
A
transposição de um rio
- Neste mês foi inaugurada oficialmente a primeira etapa da
Transposição do Rio São Francisco. O Eixo Leste, primeiro de dois
canais projetados – na verdade, um complexo de obras composto por
canais abertos, adutoras, aquedutos, túneis e represas – passa pelos
municípios pernambucanos de Floresta, Betânia, Custódia e Sertânia, e
ainda por Monteiro, na Paraíba. É água do São Francisco chegando ao
tão necessitado Nordeste Brasileiro.
Com 217
quilômetros de obras executadas, o Eixo Leste está concluído e permite
abastecer a cerca de 4,5 milhões de pessoas, em 168 municípios dos
estados de Pernambuco e Paraíba. A obra é composta por seis estações
de bombeamento, cinco aquedutos, um túnel, uma adutora e 12
reservatórios.
Em meio à
euforia do nordestino, habitante de uma região que pena há séculos com
a seca permanente e vê agora um sonho realizado, questões políticas e
de interesses setorizados tentam minimizar a grandiosidade da obra e
sua eficiência indiscutível. Mas, nada poderá retirar seu valor
humanitário e social. Foi um ato de coragem daqueles que decidiram
tirar do papel projetos já ventilados nos idos tempos do Império.
A
transposição do São Francisco é obra que fará história não só por sua
magnitude, mas principalmente pelo seu valor social.
A
despoluição de um rio
– Quando se fala em despoluição de cursos hídricos, logo salta o
exemplo do Rio Tâmisa, de Londres. Nele proliferavam cardumes de
salmão, expulsos pelo homem que poluiu suas águas a ponto de o rio ser
apelidado como o “Grande Fedor”. No entanto, ao longo de décadas,
ações governamentais e investimentos de porte fizeram com que o salmão
retornasse por volta de 1970. A despoluição do Tâmisa
foi um marco, uma vitória dos ingleses.
No
Brasil temos exemplo semelhante, ressalvadas as características de
cada caso. O Rio Jundiaí volta a ser o
habitat do jundiá, um peixe também expulso pela poluição. O jundiá é o bagre que deu nome ao rio.
Monitorado pelo Consórcio PCJ (Consórcio Intermunicipal das Bacias dos
Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí)
e usado por todos os municípios por ele percorridos, o Rio Jundiaí
atingiu elevado grau de poluição, a ponto de ser classificado como rio
Classe 4. Vale dizer, suas águas foram proibidas ao consumo humano.
E o jundiá
teve o mesmo destino do salmão.
Mas, num
exemplo ao país, ações de governos, mobilizações sociais e
participação da indústria levaram a um enorme esforço conjunto para
limpar o Jundiaí. Os trabalhos foram iniciadas em 1984 e hoje, para
orgulho e benefício da população do seu entorno, o Jundiaí já está reclassificado como um rio Classe 3,
e serve novamente para o consumo humano. Sem dúvidas, com a continuidade das ações
antipoluentes, o Jundiaí vai melhorar ainda mais sua qualidade.
Para
celebrar o feito, a partir
deste mês na cidade de São Paulo, está montado um
aquário repleto de jundiás. Por seis meses a população pode visitar o peixe que
retornou ao seu rio.
A transposição do São Francisco e a despoluição do Rio
Jundiaí são marcos históricos que trazem alento e credibilidade, num
Brasil que pode dar certo apesar dos solavancos ora vividos.
Basta
querer.
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