“É preciso sempre lembrar que
saneamento é uma atividade de saúde preventiva".
Dieter Wartchow,
ex-diretor geral do DMAE, em evento pela defesa da autarquia e contra a privatização do
saneamento básico em Porto Alegre.
"A situação das águas
de nossos rios só mudará quando essa for uma real preocupação da
sociedade".
Biólogo João Paulo
Capobianco
EDITORIAL 22
Dia Mundial da Água, há o que comemorar
Habitualmente, em 22 de março fala-se sobre os males que o homem
causa ao Planeta e sobre as ameaças que ele representa
aos recursos hídricos. Palestras, seminários e alertas são feitos em
favor da sustentabilidade, e muito pouco se concretiza como benefício
obtido, sem prejudicar a Natureza.
Mas duas
ações, ocorridas aqui mesmo no Brasil, trazem alguma esperança.
A
transposição de um rio - Neste mês foi inaugurada oficialmente a primeira etapa da
Transposição do Rio São Francisco. O Eixo Leste, primeiro de dois
canais projetados – na verdade, um complexo de obras composto por
canais abertos, adutoras, aquedutos, túneis e represas – passa pelos
municípios pernambucanos de Floresta, Betânia, Custódia e Sertânia, e
ainda por Monteiro, na Paraíba. É água do São Francisco chegando ao
tão necessitado Nordeste Brasileiro.
Com 217
quilômetros de obras executadas, o Eixo Leste está concluído e permite
abastecer a cerca de 4,5 milhões de pessoas, em 168 municípios dos
estados de Pernambuco e Paraíba. A obra é composta por seis estações
de bombeamento, cinco aquedutos, um túnel, uma adutora e 12
reservatórios.
Em meio à
euforia do nordestino, habitante de uma região que pena há séculos com
a seca permanente e vê agora um sonho realizado, questões políticas e
de interesses setorizados tentam minimizar a grandiosidade da obra e
sua eficiência indiscutível. Mas, nada poderá retirar seu valor
humanitário e social. Foi um ato de coragem daqueles que decidiram
tirar do papel projetos já ventilados nos idos tempos do Império.
A
transposição do São Francisco é obra que fará história não só por sua
magnitude, mas principalmente pelo seu valor social.
A
despoluição de um rio
– Quando se fala em despoluição de cursos hídricos, logo salta o
exemplo do Rio Tâmisa, de Londres. Nele proliferavam cardumes de
salmão, expulsos pelo homem que poluiu suas águas a ponto de o rio ser
apelidado como o “Grande Fedor”. No entanto, ao longo de décadas,
ações governamentais e investimentos de porte fizeram com que o salmão
retornasse por volta de 1970. A despoluição do Tâmisa
foi um marco, uma vitória dos ingleses.
No
Brasil temos exemplo semelhante, ressalvadas as características de
cada caso. O Rio Jundiaí volta a ser o
habitat do jundiá, um peixe também expulso pela poluição. O jundiá é o bagre que deu nome ao rio.
Monitorado pelo Consórcio PCJ (Consórcio Intermunicipal das Bacias dos
Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí)
e usado por todos os municípios por ele percorridos, o Rio Jundiaí
atingiu elevado grau de poluição, a ponto de ser classificado como rio
Classe 4.
LEIA TUDO
EDITORIAL 21
Privatização e tarifa única para o saneamento
O Brasil deu os primeiros passos
na busca de
eficiência no saneamento básico, com coragem e tarifas reais, por
volta dos anos 60 do século passado.
|