11/08/2017
Ex-diretores se
mobilizam contra privatização do DMAE de Porto Alegre
Ex-diretores do DMAE
(Departamento Municipal de Água e Esgotos),
de Porto Alegre, reuniram-se nesta terça-feira (08/08) com
representantes dos funcionários a a imprensa, no Sindicato dos
Engenheiros. Em discussão a proposta enviada pelo Prefeito Nelson
Marchesan Júnior à Câmara Municipal,
propondo a privatização do saneamento básico do Município.
Na ocasião foram
questionados os argumentos apresentados pelo Prefeito como
justificativa para a privatização.
Participaram 10 ex-diretores da autarquia – João Antônio Dib, Wilson
Ghignatti, Carlos Alberto Petersen, Guilherme Barbosa, Dieter
Wartchow, Arnaldo Dutra, Carlos Todeschini, Augusto Damiani, Flávio
Presser e Antônio Elisandro. Os pronunciamentos versaram sobre a
trajetória do DMAE, reconhecido no Brasil e no exterior como exemplo
de empresa pública em serviços de saneamento.
Guilherme Barbosa,
diretor-geral na gestão Olívio Dutra, rebateu o argumento do Prefeito
que usa como justificativa para a concessão o fato de o Guaíba ainda
não estar despoluído. Barbosa alertou que o lago continuará poluído
não por culpa do DMAE, mas por conta da poluição que vem de outros
municípios através do Rio Gravataí, um dos formadores do Guaíba.
João Dib também derrubou
argumentos usados como justificativa. “Se o Guaíba está poluído, não é
por responsabilidade do DMAE. O que o DMAE faz é justamente não poluir
o Guaíba, que recebe, isso sim, a poluição do Rio Gravataí. Então, nós
não temos nenhum problema no DMAE. Nós temos é que apoiar o DMAE, mas
parece que essa não é a intenção do Prefeito, que está mais preocupado
em mostrar a sua autoridade”, afirmou.
Wilson Ghignatti lembrou
de conquistas alcançadas pelo Dmae. “O DMAE é uma das mais bem
estruturadas empresas públicas de saneamento desse país. Por isso, nós
temos de estar unidos e lutarmos juntos em favor do Dmae”. Lembra ele
que a balneabilidade do Bairro Ipanema foi trabalho do DMAE.
Carlos Alberto Barreto
Viana Petersen destacou a tarifa social criada pela autarquia.
“Tínhamos uma tarifa social que não era social, pois o cidadão que
utilizava só 4 m³, se via obrigado a pagar por 20 m³. O Dmae reviu
isso, e hoje é reconhecido por ter a tarifa mais justa e acessível.
Isso não seria feito em nenhuma empresa privada”, enfatizou Petersen.
Dieter
Wartchow não aceita o discurso do Prefeito e defende um saneamento
público para Porto Alegre. “É
preciso sempre lembrar que saneamento é uma atividade de saúde
preventiva. No DMAE, o sistema de autarquia foi escolhido por se
isentar de impostos que iriam onerar em pelo menos 60% os custos da
atividade. Então, como se espera reduzir custos? É obvio, em todos os
lugares, as tarifas aumentam se entra uma empresa privada.
E nós não podemos entrar
nesse discurso de que PPP não é privatização: é privatização, porque
tira a autonomia do município em deliberar autonomamente com a
população os rumos do saneamento básico. Vamos nos organizar para
manter o Dmae nas mãos públicas, e forte. O caminho é a gestão pública
feita com a participação da sociedade”, finalizou Dieter.
Arnaldo Dutra diz não
ter visto o DMAE nas justificativas do Prefeito: “Não consegui
enxergar o DMAE naquela exposição de motivos do Marchesan. O DMAE que
conseguiu com recursos da tarifa ao longo de poucos anos universalizar
o abastecimento de água em Porto Alegre; não consegui enxergar o órgão
que, em menos de 30 anos, saiu de 2% de esgoto tratado para 80% do
esgoto tratado. E também não consegui enxergar o DMAE que é uma
referência e que a gente usou a vida inteira como exemplo de gestão
pública, como exemplo de eficiência, inclusive reconhecida pela ONU,
reconhecida pelo BID”, destacou.
Funcionários também se
manifestam contrários à privatização. Edson Zomer de Oliveira,
representante dos servidores do DMAE junto ao SIMPA (Sindicato dos
Municipários de Porto Alegre) faz alerta. Ele entende que apenas
retirar o projeto de privatização da Câmara não resolve o problema
porque se seguiria uma tentativa de desvalorizar o departamento. “Em
2005 o Dmae tinha 2.480 servidores, número que caiu para 1.650 hoje em
dia e a Prefeitura não está repondo os servidores que se aposentam”,
conta Edson. “A empresa privada assume para ter lucro e não para
atender a população”, afirma Zomer.
Ao final das
manifestações dos ex-diretores, foi proposto que o grupo agende
reunião com o prefeito para expor a contrariedade dos técnicos que não
aceitam as justificativas apresentadas para a privatização. O grupo
entende que Marchesan está mal assessorado e dispõe de números que não
refletem a realidade do DMAE.
Comente este assunto AQUI.
Topo
Outras notícias
:
Primeira Página
Dólar e euro hoje:
|