O derretimento acelerado das geleiras no oeste da Antártida (Pólo Sul)  está lançando uma quantidade de água suficiente para aumen-tar o nível dos mares em 0,2 mm por ano. O acréscimo representa 10% da elevação total observada na Terra.

Estudo publicado hoje pelo periódico americano Science informa sobre alterações drásticas na capa de gelo do continente branco. Foi realizado por um grupo de cientistas da Nasa, dos EUA, e do Centro de Estudos de Valdívia, do Chile, sob a liderança de glaciologista Robert Thomas.

Anteontem a revista Geophysical Review Letters afirmou que 4 geleiras da península Antártica estão fluindo até 8 vezes mais rápido para o mar.

Apesar da coincidência de datas na publicação dos estudos, eles foram realizados em regiões distintas da Antártida e os impactos sobre a Terra podem ter causas diferentes.

Enquanto o derretimento das geleiras na península parece ser claramente associado ao efeito estufa - aquela região esquentou 3ºC só nos últimos 50 anos - a porção do continente avaliada no novo estudo, no mar de Amundsen, parecia até agora imune ao aqueci-mento acelerado da Terra.

Segundo Thomas, "Ali você não observa nenhum derretimento superficial do gelo. Eu não sei por que as plataformas de gelo estão afilando".

Os cientistas acreditam que o mar de Amundsen tenha ficado mais quente e esteja derretendo por baixo as plataformas de gelo que flutuam sobre ele.

As geleiras continentais, imensos rios de gelo de até 2 km de espessura que desembocam nessas plataformas, estão assentados sobre rochas que ficam abaixo do nível do mar. A água salgada estaria se infiltrando entre o gelo e a rocha, causando o degelo.

Thomas está preocupado, independente da causa do fenômeno. As geleiras do mar de Amundsen estão lançando 90 km³ de gelo a mais no oceano, quantidade equivalente a 60% do que acumulam por precipitação de neve em suas cabeceiras.

De acordo com os glaciologistas o balanço de massas é negativo, isto é, as geleiras estão perdendo água. "Estima-se que seja necessário a descarga de 300 a 400 km³ de gelo para elevar o nível dos mares em 1 milímetro, afirma Thomas.

Considerando que o efeito estufa não pode ser culpado direta-mente pelo fenômeno, resta descobrir a causa do degelo. "Essa é a questão candente. Nossa próxima tarefa é saber por que o oceano mudou. É preciso fazer a pergunta aos oceanógrafos", diz Thomas.