O governo russo está demonstrando insegurança quanto às decisões relativas ao meio ambiente e volta a negar o referendo ao Protocolo de Quioto.

O assessor do presidente Vladimir Putin, que na terça-feira tinha anunciado a recusa da Rússia em ratificar o tratado, depois negada pelo vice- ministro da economia, reafirmou ontem sua posição. Andrei Illarionov confirma que o presidente Putin já rejeitou o acordo internacional para controle de emissões de gases que provocam o efeito estufa.

Na quarta-feira o vice-ministro da economia, Mukhamed Tsikhanov, disse que "não há decisões a respeito da ratificação, além do fato de que estamos caminhando na direção da ratificação". Foi uma declaração em entrevista coletiva convocada especialmente para desautorizar o pronunciamento de Illarionov, de terça-feira.

Agora, o assessor direto do presidente diz novamente que cortes nas emissões podem prejudicar a economia russa. Por isso são inaceitáveis. Esta situação volta a inviabilizar o tratado.

"A afirmação foi feita fisicamente por mim, mas as palavras que usei foram as do presidente russo", afirma agora Andrei Illarionov. O pronunciamento do assessor é interpretado como indício de que os EUA estão conseguindo influir na decisão russa e ganham terreno.

A Rússia tem sido pressionada pelos EUA e pela União Européia, respectivamente opositores e defensora do protocolo, para que se decida quanto ao tratado. Sem a participação da Rússia e com a desistência dos EUA, os outros signatários não atingem o piso de 55% das emissões, necessário para que o pacto entre em vigor.

A Rússia era responsável por cerca de 17% das emissões em 1990, ano-base sobre o qual as nações industrializadas deveriam realizar cortes de 5,2%.