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Equipe Aqua ::: ANO 12, Nº 65 - PUBLICADO EM 17 DE MARÇO DE 2016 |
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Dilma cai, e daí? Para descontentamento dos manifestantes do último domingo (13/03), Luis Ignácio Lula da Silva virou Ministro da Casa Civil. Antes mesmo de ser empossado, já se ouviam vozes dos contrários vociferando repúdios do tipo "Acabaram com a República". O dólar oscila, a Bolsa de Valores se movimenta com a mesma intensidade em sentido contrário, e tudo parece ser o caos definitivo. Lula no Governo é a última cartada de Dilma Rousseff e do próprio Lula. Ela para tentar escapar do impedimento e ele para fugir de Sérgio Moro e da cadeia. Pode dar certo, mas se não der e Dilma cair, como fica a situação? Nada temos a esperar dos políticos do momento, para salvar o país da estagnação em que se encontra. O PSDB, desconhecedor até hoje que numa disputa é preciso saber ganhar ou perder, é tão corrupto quanto os acusados por ele. O Governo Alckmin em São Paulo apronta até contra criancinhas, tirando de suas mãos a merenda escolar. Fecha escolas, pára obras, promove o "Tremsalão" e gere os destinos da água contando com as chuvas de São Pedro. E Alckmin é um dos que almejam o Planalto! Aécio Neves, também do PSDB, é outro modelo de pouca moralidade pública. Há exemplos fantásticos de corrupção no seu governo, em Minas Gerais, onde falsificou documentos bancários, construiu aeroporto em terra de parente e recebeu um terço do propinoduto de Furnas. Foi citado várias vezes na operação Lava Jato, mas segue com enorme cinismo se oferecendo ao povo para líder maior do país. No PMDB, Michel Temer não tem apoio de lado nenhum. Nem mesmo os partidários são unânimes quanto ao seu nome. Eduardo Cunha, melhor nem falar nele, e torcer para que saia da presidência da Câmara dos Deputados antes da possível queda de Dilma, para não sucedê-la. Os outros partidos também se mostram carentes de figuras probas. Mas todos têm um desejo comum: a cadeira de Dilma. E todos são desprovidos de credibilidade. As ruas, para não dizer toda a população, estão incrédulas e saturadas. Polêmica: Babá uniformizada acompanhou os patrões no protesto de domingo. Maria Angélica Lima, a babá das manifestações de domingo, é um retrato disso, ao afirmar ao jornal Extra, do Rio de Janeiro: “As pessoas querem o impeachment e que as coisas mudem, mas não vai mudar. A presidente Dilma saindo, quem entrar vai continuar roubando. O Brasil é assim. Quem está com dinheiro, como os políticos, vai continuar tudo bem. A gente que vai sempre levar a pior.” A luta pelo poder, que já se vale da luta física nas ruas - há manifestantes se engalfinhando em Brasília contra e a favor de Lula Ministro - se transforma em briga de grandes e fica ferrenha. O juiz Sérgio Moro grampeia o telefone de Dilma Rousseff, joga ilegalmente para derrubar a Presidente, numa verdadeira retaliação por ela ter lhe "roubado" Lula, o pássaro dourado a ser preso. E Dilma diz que vai processar Moro. Em meio a essa guerra entre grandes, Fernando Henrique Cardoso, o "príncipe" do PSDB, que também posa de honesto embora esteja envolvido em escândalos de contas no exterior, e uso de empresários para transferir dinheiro ao filho não reconhecido, tem rasgos de lucidez democrática e propõe um acordo. Detalha ele que "O Brasil não pode ficar caminhando sem rumo. Quando falo de acordo, é quanto ao rumo. Qual é o pacto? O que vamos fazer? Temos que escolher três, quatro, cinco mudanças fundamentais. Concentrar nelas e fazer. Alguém vai ter que fazer isso." Quem? - perguntamos. Na verdade, não há um salvador da Pátria ou dos cofres da viúva. O país carece de lideranças confiáveis, de políticos e empresários honestos, alguém que tome o rojão nas mãos e seja capaz de promover o chamamento: Vamos! No entanto, se for permitido o andamento democrático das instituições, com liberdade para agir, talvez haja um caminho possível. A instituições precisam funcionar com a devida liberdade democrática. Hoje, o Governo está manietado pelo Congresso e pela mídia comprometida com o Grande Capital. O parlamento não legisla, apenas emperra os atos do Executivo. O Judiciário deturpa sua função, fazendo política, e o Ministério Público pratica a seletividade, preocupando-se com os crimes de uns e fechando os olhos a outros, esquecendo que a cadeia é o lugar de todos, enfatizamos, todos os corruptos. Executivo, Legislativo e Judiciário precisam fazer o mea culpa e cumprir o dever de cada um. E para isto ser factível, é necessário fundamentalmente respeito às regras do jogo. Ainda que seja utópico, quem perdeu, que aguarde a próxima oportunidade e quem venceu, que cumpra o seu papel. Infelizmente, a ganância pelo poder é forte, a direita desconhece que perder faz parte do jogo, e sobretudo, fica aterrorizada com a hipótese de perder novamente em 2018. Com o quadro presente, parece não haver tempo para uma saída democrática. A ruptura político-social está instalada e nem mesmo Lula, tido como grande articulador, terá tempo para aglutinar forças em favor da governabilidade. Assim mesmo, se forem derrubadas as liminares que suspenderam sua nomeação como ministro de Dilma. Nada mais a esperar, tudo é possível no Brasil de hoje, hoje, literalmente. Um cheiro de 1964 paira no ar.
DEFINIÇÕES: 1. Grande Capital: Junção da elite detentora do poder financeiro com setores da mídia, subjugada ao dinheiro daqueles, e seu projeto de domínio e controle popular; 2. Seletividade: Ato praticado por setores do Judiciário e da mídia que escolhem e definem quem é corrupto, protegendo os que lhe são simpáticos.
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Publicado desde 15 de Abril de 2004 |
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