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Equipe Aqua ANO 12 l Nº 68 l PUBLICADO EM 31 DE MARÇO DE 2016 |
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Fosfoetanolamina, por que tanta polêmica?
A "pílula do câncer" mexe com a comunidade médica, que luta ferrenhamente contra "um químico" de São Carlos, mas nada faz contra o cigarro.
A chamada pílula do câncer foi sintetizada há mais de vinte e cinco anos pelo químico Gilberto Orivaldo Chierice, na USP (Universidade de São de Paulo), em São Carlos. Foto da Internet
Gilberto Chierice
Durante este período, e por conta própria, o químico produziu e distribuiu gratuitamente o composto a pacientes de câncer, pelo simples relato de que seus usuários se sentiam melhores com o uso do "remédio". - As aspas são empregadas porque o produto ainda não é considerado um remédio, pois não foi aprovado pela Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária). - Chierice tentou legalizar a droga e teve escassos apoios de um ou outro hospital oncológico. Da Anvisa, só recebeu represálias. Depois de todo esse tempo, o químico foi proibido de produzir e distribuir o composto. Os pacientes foram à Justiça e receberam, por meio de liminares, o direito ao uso do produto. Mas as associações de classe médica e alguns médicos isoladamente vieram a público para criticar os efeitos, e alertar sobre "riscos" que a fosfoetalonamina poderia oferecer. Dráusio Varella é um deles. Do alto de sua soberba sabedoria porque "teve o privilégio de estudar num país de iletrados" ele intitula artigo publicado na Folha de S. Paulo com o debochado 'Ignorância populista'". Depois de dizer que já tinha alertado no "Fantástico", da Globo, escreve no jornal: "O que chamamos de câncer é um grupo de mais de cem doenças, que em comum têm apenas a célula maligna. A diferença entre um câncer de próstata e outro de pulmão é tão grande quanto a existente entre insuficiência renal e insuficiência auditiva." Chierice contesta e esclarece ao leigo ignorante. Diz ele que há dois tipos de células, apenas. As aeróbicas e as anaeróbicas. Diz ainda que, todos os tipos de câncer são formados por células anaeróbicas, as células malignas que Varella diz ser a única coisa em comum em todos os tipos de câncer. Pois Chierice afirma que a fosfoetanolamina atua exatamente sobre essas células, as malignas, matando-as. Logo, o composto produz efeitos sobre todos os tipos de câncer, "de um câncer de próstata a outro de pulmão", para ficar no exemplo de Dráusio Varella. Pelo visto, Varella está equivocado quando afirma: "Imaginar que uma droga seja ativa em todos os casos, desculpem, é coisa de gente ignorante em medicina". Pelo que nos ensina o químico de São Carlos, que não tem acesso à grande mídia, não há ignorantes apenas entre os iletrados. Gilberto Chierice parece indignado com o massacre feito pela comunidade oncológica. Em vídeo gravado pelo jornal Zero Hora, de Porto Alegre, afirma que "Eles fizeram ataques reles, não científicos. O médico não é cientista, então jamais iria entender o que eu falo, segundo, eu não sou médico, jamais eu iria entender o que ele fala". A comunidade médica tem se mostrado, além de tudo, uma classe alarmista. Em artigo publicado por representante do Conselho Federal de Medicina, juntamente com a Associação Médica Brasileira e a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, seis mãos assinam "O perigoso caso da 'pílula do câncer'". Tentam incutir no povo que o produto é perigoso à saúde, o oposto do que afirma o seu sintetizador. Aliás, notamos que a comunidade médica sempre se refere a "um químico" de São Carlos, e jamais cita o nome de Gilberto Chierice. Estaria havendo uma pontinha de ciúmes ou Chierice está mexendo no bolso de alguém com uma droga tão barata, que poderá até ser distribuída gratuitamente em programas governamentais? Em meio a tanta polêmica, o Congresso Nacional aprovou projeto de lei autorizando a produção da fosfoetalonamina em caráter excepcional, que está nas mãos de Dilma Rousseff para ser sancionado ou vetado. Notícias recentes informam que ela deverá vetar o projeto, mas vai liberar o produto a título de "suplemento alimentar", para não ferir suscetibilidades dentro da Anvisa. Contando que seja o mesmo produto e que esteja ao alcance de quem o queira ou necessite, pouco importa o apelido que lhe derem. De resto, sobram indagações. Por que os médicos que lutam ferrenhamente contra o "químico de São Carlos", não o fazem com a mesma intensidade contra a indústria do cigarro, esta sim, uma grande causadora de males sociais, como o próprio câncer? Será que a causa estaria justamente no fato de um querer acabar com o câncer, enquanto outro o produz abundantemente? Curioso, muito curioso que médicos venham a público com tanta ênfase para combater o que parece não ser tão nocivo - afinal não foram citados até agora exemplos de casos maléficos com o uso da fosfoetanolamina - e se mantenham eternamente silenciosos quanto ao cigarro.
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Publicado desde 15 de Abril de 2004 |
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