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Equipe Aqua ANO 12 l Nº 72 l PUBLICADO EM 13 DE ABRIL DE 2016 |
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A mercantilização do voto No artigo do último domingo (10/04) publicado em vários jornais brasileiros, Elio Gaspari propôs um raciocínio acerca do dinheiro que envolve o impedimento de Dilma Rousseff. Escreveu Gaspari: "Voto útil - Admita-se que um voto contra o impedimento da doutora valesse R$ 2 milhões e a simples ausência do deputado estivesse cotada a R$ 1 milhão. Qual a melhor maneira para se provar que o voto não foi vendido? Indo à sessão, com o dinheiro no bolso e votando a favor do impeachment. Quem já viu elefante voar garante que aconteceram casos assim na degola de Fernando Collor". Se Gaspari dá a entender que coisas aconteceram na derrubada de Collor, é de supor que efetivamente tenham acontecido. No entanto, na ausência de provas, melhor nada afirmar, óbvio. Continuando no terreno das hipóteses admitamos que, de fato, tenha ocorrido e esteja ocorrendo novamente tudo que se imagina. A partir disso, ilações serão possíveis. Se o Governo estivesse disposto a pagar em moeda corrente pelo voto contra o impedimento, o dinheiro viria de onde? Considerando que, ao pagar para os contrários o apoiarem, terá também de pagar aos correligionários, até por uma questão de justiça, - falar em justiça num momento destes soa a comédia lírica - vejamos quanto teria que desembolsar. Contra o impedimento são necessários 171, mais 1, votos que, acrescidos de margem de segurança capaz de cobrir possíveis desertores de última hora, totalizariam 200 votantes. A R$ 2 milhões cada voto, estaríamos falando de 400 milhões de reais. Convenhamos, para os valores manipulados em Brasília nos dias de hoje, é um pequeno volume. Principalmente se o compararmos com as importâncias que permeiam os relatórios da Lava Jato. Pois bem, se dividirmos este total pela população brasileira, concluímos que cada um dos mortais está contribuindo compulsoriamente com algo em torno de R$ 2,00. Pouco, não é mesmo? - Pouco, mas é meu - dirá o povo com razão. Mas, como obter estes recursos para dispô-los em moeda corrente nas mãos do deputado votante? Será mesmo que continuariam usando as empreiteiras para tal serviço? Se assim fosse, surpreende que a Lava Jato, especializada em escutas, nada estivesse ouvindo. Avançando no raciocínio das hipóteses absurdas, mas absolutamente factíveis, imagine-se que o outro lado esteja atuando de forma semelhante. Não tenhamos dúvidas que assim agiria, pois escrúpulo é palavra desconhecida nessa arena. Se a oposição é capaz de forjar meios ilegais e apresentá-los como fatos concretos e suficientes para derrubar um governo eleito de forma legítima, não lhe faltará caradura para a mercantilização do voto. Tudo vale, exceto aceitar a derrota nas urnas. A oposição concordou com as regras e a forma de governar até então, "pedalou" e mentiu quando esteve no poder, assim como fez o governo atual. No entanto, mudou a forma de pensar e agir para imaginar crimes administrativos que lhes permitam invocar o impedimento de Dilma. Voltando ao raciocínio no campo das hipóteses, a situação, que tem a máquina governamental nas mãos, talvez tenha facilidades para amealhar a bagatela de 400 milhões de reais. Já a oposição precisaria de duas vezes o montante necessário ao Governo. Os defensores do impedimento tem que contar com 342 votos. Acrescentando a margem de segurança, somarão algo próximo de 400 deputados. Ao mesmo valor individual, serão 800 milhões de reais necessários para obter os votos que levarão ao julgamento da Presidente. Considerando que a oposição não tem a seu favor a máquina do Executivo, fica a indagação sobre quem financiaria os seus votos. Novamente as empreiteiras seriam chamadas ao jogo. Afinal, nas campanhas eleitorais elas fazem doações a todos os lados. Atiram para a esquerda e para a direita, sabendo que um dos dois sairá vencedor. Poderiam agir aqui da mesma forma. Na dúvida sobre quem vai vencer "investem" nos dois lados, na certeza do retorno futuro, ganhe quem ganhar. Nem precisamos falar do Grande Capital, o andar de cima internacional, que não suporta mais os governos populares. A predominância da esquerda há mais de uma década, em quase toda a América do Sul, tem lhes causado urticária. Seria, pois, perfeitamente imaginável que recursos externos aportassem em Brasília. Se pensarmos que os deputados da oposição prometem um processo de impeachment a cada mês, se forem perdendo os anteriores...
Bem,
melhor nem pensar. Caso contrário, em breve veremos voando por aí os
elefantes de Elio Gaspari.
DEFINIÇÕES: 1. Grande Capital: Junção da elite detentora do poder financeiro com setores da mídia, subjugada ao dinheiro daqueles, e seu projeto de domínio e controle popular.
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Publicado desde 15 de Abril de 2004 |
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